sábado, 25 de maio de 2013

XIV

Quando ouço falar de bárbaras estirpes,
calo, guardo silêncio, calo,
dos pobres dos pobres, berço de escravos
som nado.

Quando ouço falar das grandes pátrias,
calo, guardo silêncio, calo,
a longa dos que por leito o chão têm
é a pátria que amo de cabo a cabo.

Quando ouço falar das fachendosas bandeiras,
calo, guardo silêncio, calo,
a vermelha que nasce nas mãos brutas e pretas
é a bandeira que ergo de contado.

Quando ouço falar das infindas riquezas,
calo, guardo silêncio, calo,
com os que lhes roubaram terra a fazenda
suo a côdea que janto.

Corral Iglesias, José Alberte Palavra e memória A Corunha: Academia Galega da Língua 1997 p. 96



José Alberte Corral Iglesias (A Corunha, 26 de fevereiro de 1946)

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