sábado, 25 de maio de 2013

XV

Na quietude da última tarde de inverno
alçam-se com violência nas ramas nuas e curvadas
das árvores que pronto serão cortadas,
e alguém eleva os olhos a uma cadência escura no céu
composta por minúsculas silhuetas alteradas.

Dançando fugitivos o que abandona a sua mente
às ideias que não deveriam correr pelo seu cérebro,
deixa afogar a angústia e ficar selando
os lábios esgotados do sangue ainda quente,
quem alguma vez se deteve
perante a dança dos estorninhos.

A soidade pode ser o melhor de estar sozinho.
A soidade pode ser o pior de estar acompanhado.
A soidade pode ser o pior de estar sozinho.
A soidade pode ser o melhor de estar acompanhado.

Sabe isto quem alguma vez contemplou
a dança dos estorninhos.

Branco, Laura doenças dum espelho s.l.: Corsárias criação 2012 p.87


Laura Branco [Laura Blanco de la Barrera] (Foz, Lugo, 1984)

Sem comentários:

Enviar um comentário